Breve História de Nascimento, Morte, Amor e o que mais a imaginação permitir
No dia 4 de abril de 1946 nascia em São Paulo o pequeno Carlos Eduardo, primeiro filho e neto da sua ala da família. Parentes apareciam de todos os cantos da cidade para visitar o bebê e cobri-lo de mimos, todos eles registrados no "Álbum do Bebê" que sua mãe cuidadosamente preencheu durante seus primeiros anos de vida (ou até que o nascimento do segundo filho viesse lhe trazer mais ocupações). Entre os presentes recebidos, estava uma edição do dia de "O Estado de São Paulo", para que o pequeno Carlos Eduardo pudesse se inteirar, anos mais tarde, dos acontecimentos ao redor do mundo no dia em que ele nasceu.
Numa leve, curiosa e mórbida passada de olhos pelo obituário, lê-se o anúncio do cortejo fúnebre de Dalila de Oliva Feitosa, 18 anos, filha de Francisco e Izaltina, irmã de uma cacetada de gente, todas nascidas de parteira na cama da mãe num sítio em Carapicuíba. Tinha irmão médico, engenheiro, advogado, comerciante e alguns deficientes mentais, como a própria falecida, coisa comum naquele tempo em que se paria em larga escala na cama de casa.
Por ter sido uma menina doce e carinhosa, sua perda entristeceu profundamente seus parentes e enquanto seu cortejo seguia pelas ruas de pedra de Carapicuíba, sua futura cunhada, Loti, namorada do irmão médico, fez uma promessa: "Quando tiver minha primeira filha, vai se chamar Dalila".
Pouquíssimos dias antes do falecimento da primeira Dalila completar 4 anos, em 1º de abril de 1950, nasce a segunda Dalila de Oliva Feitosa. Doce e carinhosa como a primeira, a segunda Dalila era uma menina saudável e esperta. Durante a infância saía da sua casa em São Paulo para passar as férias em Carapicuíba no sítio da avó junto com os primos. Quando cresceu, se apaixonou, casou e teve três filhos. Com o Carlos Eduardo. O do jornal.