Também tenho blogue!

Egotrip dos infernos.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Breve História de Nascimento, Morte, Amor e o que mais a imaginação permitir


No dia 4 de abril de 1946 nascia em São Paulo o pequeno Carlos Eduardo, primeiro filho e neto da sua ala da família. Parentes apareciam de todos os cantos da cidade para visitar o bebê e cobri-lo de mimos, todos eles registrados no "Álbum do Bebê" que sua mãe cuidadosamente preencheu durante seus primeiros anos de vida (ou até que o nascimento do segundo filho viesse lhe trazer mais ocupações). Entre os presentes recebidos, estava uma edição do dia de "O Estado de São Paulo", para que o pequeno Carlos Eduardo pudesse se inteirar, anos mais tarde, dos acontecimentos ao redor do mundo no dia em que ele nasceu.

Numa leve, curiosa e mórbida passada de olhos pelo obituário, lê-se o anúncio do cortejo fúnebre de Dalila de Oliva Feitosa, 18 anos, filha de Francisco e Izaltina, irmã de uma cacetada de gente, todas nascidas de parteira na cama da mãe num sítio em Carapicuíba. Tinha irmão médico, engenheiro, advogado, comerciante e alguns deficientes mentais, como a própria falecida, coisa comum naquele tempo em que se paria em larga escala na cama de casa.
Por ter sido uma menina doce e carinhosa, sua perda entristeceu profundamente seus parentes e enquanto seu cortejo seguia pelas ruas de pedra de Carapicuíba, sua futura cunhada, Loti, namorada do irmão médico, fez uma promessa: "Quando tiver minha primeira filha, vai se chamar Dalila".

Pouquíssimos dias antes do falecimento da primeira Dalila completar 4 anos, em 1º de abril de 1950, nasce a segunda Dalila de Oliva Feitosa. Doce e carinhosa como a primeira, a segunda Dalila era uma menina saudável e esperta. Durante a infância saía da sua casa em São Paulo para passar as férias em Carapicuíba no sítio da avó junto com os primos. Quando cresceu, se apaixonou, casou e teve três filhos. Com o Carlos Eduardo. O do jornal.



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Eu tenho sangue nas mãos


Aos 7 anos, eu era uma menina rural e saudável.
Morava no interior de São Roque (SP), num lugarejo chamado Mailasqui. Meu pai cansou da vida paulistana e nos alugou uma chacrinha neste lugar pitoresco onde eu abria a tampa dos dedões dos pés semanalmente, fazia downhill de Brandani com meus irmãos, detonava um pé de mexirica em um quarto de hora e alimentava as vacas do vizinho com os abacates que caíam de um pé gigantesco ao lado da nossa garagem.
As vaquinhas já sabiam: quando estávamos pelos arredores da cerca, não precisariam procurar pasto. Era só chegar ali para serem entupidas de abacates maduros.
Eu era muito amiga das vacas do vizinho e das galinhas da minha mãe.
O dono das vacas era o João Vinagre, um produtor de vinho que tirava seu ganha pão da venda do leite das minhas amigas. Não sei porque ele tinha esse apelido, afinal, em São Roque, todo mundo fazia vinho ruim. Na época eu não bebia, mas anos depois tive a oportunidade de experimentar o vinho desta região que almejava o título de "Caxias de São Paulo" em vão.
Numa bela manhã de sol, enquanto esperava minhas primas de São Paulo aparecerem pra passar o dia com a gente, vi um abacate inteirinho caído ao lado da garagem. Fiquei pensando se uma vaca, grande como era, seria capaz de ingerir aquela fruta assim como estava, com caroço e tudo. Já haviam algumas vaquinhas perto da cerca esperando meu presente e eu escolhi a maior de todas para fazer a minha experiência.
Apontei a parte mais estreita do abacate em direção à sua boca e fiquei vendo ela enrolar a língua feito um liquidificador enquanto aquela bola verde ia sumindo dentro da sua boca. Ela ficou bem feliz, eu tenho certeza. Mas saiu de perto da cerca emitindo um som que parecia uma tosse (eu sei, vacas não tossem) como se estivesse engasgando. Fiquei observando ela caminhar na direção do estábulo sem tropeçar até que a perdi de vista. Logo depois, as visitas chegaram e eu me esqueci de perguntar para a vaca se ela tinha curtido comer um abacate inteiro.
No dia seguinte, estava andando de bicicleta em frente à minha casa e vi o João Vinagre subindo a estrada de terra. Fui de bici ao seu encontro e ele me falou:
"Bom dia, princesinha, era com você mesmo que eu queria falar."
"Bom dia seu João."
"Queria te dizer que as vacas adoram abacates, mas te peço para que preste atenção se eles não estão com caroço antes de oferecer para elas. Ontem uma das minhas vacas morreu engasgada."
Na hora eu gelei, mas ele logo foi dizendo: "Eu sei que você não fez por mal e por isso resolvi falar direto com você porque sei que seu pai é bravo. Só preste mais atenção da próxima vez, tá bom?"
"Tá, seu João."
Ele se virou e começou a descer a estrada em direção à sua casa e eu fiz o mesmo com a minha bicicleta. Fui pro meu quarto e fiquei pensando na pobre da vaquinha. Mas como o seu João Vinagre não contou nada para os meus pais, não teve bronca, não teve surra, não teve bafafá para que eu passasse a vida inteira me lembrando deste ocorrido. Por isso eu esqueci completamente.
Fui me lembrar disso anos depois, já beirando os 30, caminhando pelas ruas de Porto Alegre. A lembrança me veio do nada e só aí eu entendi a gravidade do ocorrido. Tipo, não era uma aranha, ou um escorpião, ou uma barata. Era uma vaca, umas 6 vezes maior do que eu. O ganha pão do seu João Vinagre.
Claro que eu matei a vaca sem querer, mas sabia, bem no fundo, que isso poderia acontecer. Fico pensando se não merecia ser punida por isso e se a gentileza do seu João não foi um ato meio absurdo e prejudicial para o desenvolvimento do meu caráter.
Mas a verdade é que mesmo sem ficar de castigo ou levar porrada por causa disso, mesmo tendo esquecido deste fato durante muitos anos, eu nunca mais matei vaca nenhuma.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu tenho um conselho

Tá esperando nenêm? Compre uma viseira.

O melhor da vida é dar palpite na vida alheia. Observar como os filhos dos outros são mal-educados, como tem família que é dominada pelas crianças, como a vida da fulana seria mais fácil se ela desse uns cascudos naquele guri pentelho que ela pôs no mundo, como você consegue fazer a sua sobrinha brincar quietinha e a mãe dela não tem a mesma capacidade... enfim, né?

Aí um dia você descobre que tem um desses dentro da sua barriga (ou na barriga da sua esposa/namorada/melhor amiga/pior inimiga, tanto faz), e que um dia ele vai sair de lá esperando ser educado por você.
Essa é a parte mais fácil. Muitos planos começam a brotar de sua cabeça deslumbrada e confusa pela novidade. Você sabe quase nada sobre crianças, mas já tem certeza absoluta de que seu filho não vai chupar chupeta porque estraga os dentes e prejudica na amamentação. Ele não vai assistir TV antes dos 5 anos de idade e só vai brincar com brinquedos educativos e livros que desenvolvem as funções cognitivas do indivíduo. Quer coisa mais horrível do que aquelas mães que abandonam as crianças na frente da televisão? Na praia, só debaixo do guarda-sol, com toneladas de protetor solar, de chapéu e óculos escuros, porque onde já se viu aquela criança correndo da barraca para o mar em pleno sol das 11 da manhã? Você nunca vai se dirigir a ele com aquela voz de idiota que subestima a capacidade infantil. Você vai se manter calma 24 horas por dia pois as crianças sentem no ar as energias negativas do ambiente e isso interfere no temperamento delas. Você estará sempre feliz e saltitante e vai brincar de todas as brincadeiras que ele quiser, na hora que ele te pedir e em qualquer lugar. Tudo será resolvido na conversa, sempre. Você nunca vai levantar o tom de voz como aquela mãe fez com o filho no shopping na frente de todo mundo. E a palavra "não" terá que ser substituída por conversa e argumentação, pois o "não" é uma carga muito negativa pra criança e seu uso deve ser burocratizado.
Seguindo esses conceitos, seu filho será uma criança fofinha, educadinha, compreensiva e penteadinha que NUNCA vai te fazer passar carão ao se jogar no chão do supermercado gritando "eu querooooo". A fórmula da boa educação tá pronta. É só usar e terá um anjinho em casa.

Pode rir agora. Mas alguma dessas coisas você vai pensar. Te garanto.

Bem, passados os primeiros mêses do bebê parido, morando na sua casa, se acostumando com você e seu companheiro(a), você vai começar a notar que este ser tem personalidade e vontade própria e que você não pode fazer nada pra mudar isso. É aí que entra a viseira. Porque vai ser uma saraivada de cuspe na testa sem precedentes. E sem data definida para terminar. Tudo o que você cuspiu pra cima vai voltar quando você menos esperar.

Num dia ele é apenas um bolinho de carne que mama, caga e chora. De repente você percebe que está sendo manipulada para pegá-lo no colo, ou tirá-lo do berço, ou levá-lo pra rua, depende da preferência de cada bebê. Manipulada por um bolinho de carne. Aí, vem a velhinha do apartamento ao lado te lembrar que a chupeta é um ótimo calmante pra nenenzinhos nessa fase, e lá vai você tomar a primeira cusparada no meio da testa.

Depois vai acontecer de você estar na casa de algum amigo que tem filhos pequenos e a tv deles estar ligada no Discovery Kids (um canal da NET do qual todos os pais acabarão, cedo ou tarde, virando dependentes). De repente começa o programa do Barney, aquele dinossauro roxo com voz de idiota, e seu filho dançará ao som do tema de abertura. Você vai achar bonitinho e ficará um pouco assustada também, mas já sairá de lá sabendo que o Discovery Kids fica no canal 45. Um dia, você vai estar apertadíssima pra ir ao banheiro e seu filho vai estar te enchendo o saco querendo colo, e você escutará uma voz lá no fundo da sua cabeça: "canal 45..." Coloque a viseira, pois será a primeira cagada tranquila depois que seu filho nasceu. Depois disso você vai perceber que também pode lavar louça, fazer comida, colocar o lixo no corredor, pentear os cabelos e escovar os dentes.
Praia é um bom lugar pra usar viseira. Faz bem pra pele. Ainda bem. Porque você não vai querer ficar brigando com seu filho pra que ele aceite ficar de chapéu ou óculos. Já basta a choradeira que foi pra passar o protetor solar. Tem mais: você não vai conseguir fazer com que ele fique embaixo do guarda sol e quando der 10 da manhã e o "sol bom" terminar, ele só vai sair da areia debaixo de suborno com doces nada saudáveis, pancada ou ameaça de castigo (depende da dinâmica dos pais).
Você vai ficar muuuuito cansada e perder a xana e ter chiliques assustadores. Vai xingar seu filho de filho da puta (ah se vai), sair pisando duro, vai deixar ele acuadinho e depois morrer de remorso. Vai dar pelo menos um tapa na bunda dele e vai morrer de remorso de novo e vai prometer que nunca mais dará palmadas nele de novo (talvez nunca dê mesmo... depois eu conto).
Cedo ou tarde você vai estar sem saco e trocará a argumentação pelo clássico: "porque não" e o NÃO será sua palavra de fundo. Não faça isso, não suba aí, não pode. Não quero brincar agora, não vou comprar chocolate. Não te conheço (com cara de paisagem enquanto sai de fino e deixa ele deitado no chão do mercado - porque por mais gentil que você seja e por mais anjinho que ele seja, um dia ele VAI deitar no chão do supermercado).
E SIM, você vai falar com voz de idiota com o seu filho e ainda inventará apelidinhos meigos como qualquer mãe saltitante, porque você será totalmente apaixonada por ele.
Cusp, cusp, cusp, cusp. Tudo no meio da sua testa.
Não adianta seguir nenhuma fórmula milagrosa porque, no final, você vai descobrir que existem coisas feias bobas e chatas que já nascem com o ser humano. Ele pode se mostrar violento sem nunca ter assistido a um episódio dos Power Rangers, contar mentiras sem nunca ter sido enganado (coisa que os pais, acho, começam a fazer lá pelos 3 anos da criança... depois eu conto), chorar por pura manha e, sim, se jogar no chão do supermercado.
O negócio é relaxar e saber que, assim como nós, nosso nenêns também vêm com defeito.

sábado, 20 de setembro de 2008

Sacaneando o Joe

Este foi o começo...



Cheguei a isso...



Mas no fundo, no fundo, sou assim... "Maria Odete"!!!



Homenagem de todos os seus cinco leitores.



ERRATA: São seis leitores. Esqueci que até sua mãe lê essa merda.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eu tenho orgulho.

Semana passada, na escolinha do meu filho, ocorreu este diálogo entre ele e a professora:

João: "Adri, quero água. Água, me dá água, agoooooora..."
Professora: "João, que modos são esses? Como é que se diz?"
João: "Sem gás."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu tenho saudades da barrigona.

(ou, aprendi a fazer upload no youtube só hoje...)





É, isso é chato, eu sei. Só a mãe (e muito de vez em quando o pai) sabe onde está o nariz, o pé e o peru, mas o registro é pra mim, pois quase deletei esses vídeos sem querer do meu HD.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu tenho vergonha.

Faz um tempo que minha vida anda meio abandonada. Larguei uma rotina de sexo trago e rock pra me dedicar ao lar, acreditando que gradativamente minha essência voltaria à tona de forma mais equilibrada, com menos excessos, menos ressacas, menos cagadas.

Quando morava em Campinas, fui, aos poucos, ficando à vontade para sair uma noite por semana pra tomar umas cervejas com os amigos e assistir a qualquer show barulhento enquanto meu marido e meu filho ficavam guardadinhos em casa. A verdade é que depois que seu filho nasce, vocâ acaba preferindo ficar em casa ou porque está podre de cansada ou porque prefere companhia da sua família, ou pelos dois motivos citados. Mesmo assim, colocava essas saídas noturnas como uma obrigação para conseguir manter contato com o mundo exterior. E era bom.

Mas eis que uma mudança me desmoronou. Vim parar em Curitiba com meu marido e filho, mais de 30 anos nas costas, poucos amigos nesta cidade e nenhuma atividade social (emprego, estudo, religião, voluntariado, o caralho).
Tô virando a "mulher-mofo", ficando cri-cri, gorda e fraquinha pra bebida. Meu marido fica puto. Acha que eu tenho que encarar umas noitadas, conhecer gente, tomar uns tragos pra ver se saio desse marasmo. Eu discordava dele até ontem, mas a reveleção divina apareceu por meios surpreendentes.

Ouvi no rádio que o Nasi (ex-Ira) ia fazer um show aqui tendo a Relespública como banda de apoio. A Reles é uma velha conhecida minha dos meus tempos de rock. Minha casa em Porto Alegre era o albergue das bandas que iam ao RS se apresentar e com isso fiz vários amigos eternos. Os três meninos da Reles são alguns desses. Não consegui companhia para ir ao show mas imaginei que os caras da banda estariam com suas namoradas, com quem também me relaciono muito bem e são ótimas companhias para beber e dançar. E também imaginei que não sentiria nenhum constrangimento em estar meio enferrujada no meio de desconhecidos, afinal, pensei eu, o público do Nasi é composto por um bando de roqueiros velhos. Cheguei lá e vi que a casa de shows é um lugar de pegação, com gente jovem, elegante e desmiolada. Ninguém que eu conhecesse. Pensei até em ir embora, mas meu marido ia ficar muito possesso se eu aparecesse em casa 30 minutos depois de ter saído. Fiquei lá.

Assisti ao show quase na frente do palco, com uma cervejinha na mão, cantando as músicas e dançando passinhos curtos e tímidos. Eu sou assim. Fico tímida quando estou sóbria e sozinha.
Lá pela metade do show, me vem essa mulher, aparentando ter uns 45 anos, cabelo desgrenhado, totalmente fora de forma e com roupas masculinas. Ela tinha na mão um copinho de tequila, que veio me oferecer quase enfiando seu conteúdo na minha boca. "Bebe", ela falou. Agradeci, disse que não misturava bebida, que tava dirigindo, que tinha fralda cagada me esperando ao amanhecer e que não podia me estragar. Aí ela falou a frase que me desmoronou:
"Você tá muito séria pra um show de rock."
Murchei. Fui pro cantinho, enconstei meu cotovelo no bar e não parei de pensar nisso até agora. Será que minha alma tem salvação?

"quem te viu e quem te vê, Katia..." diz minha consciência.

Pra não terminar em clima de ressaca deprê, deixo aqui um vídeo da Relespública pra quem não conhece.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Eu tenho um filho Parte ll (ou "O Post Nijna")


Esse post vai pro meu pequeno comedor de areia que acaba de fazer 2 anos.

Pela primeira vez desde que criei este blog, estou tentando escrever alguma coisa com o meu filho em casa e acordado. Ele está no quarto ao lado se refestelando com os brinquedos de sempre e as novidades que ganhou de natal e aniversário. Já veio até o escritório duas vezes e deixou em cima da cama de hóspedes um balão infame do Tigor (aquele amigo da Lilica Ripilica), uma porrada de bloquinho de madeira com os quais ele ainda não sabe brincar (por isso inventamos o personagem "Joãozila", interpretado pelo meu filho, a quem recorremos depois de construir lindas cidadezinhas e que se prontifica a destruí-las com dedicação e fúria) e um bonequinho do Sully, aquele do Monstros S.A.. Agora ele entrou pra perguntar como é que faz a Dory, a peixe azul do Procurando Nemo e eu tive que cantar aquela musiquinha que ela canta no filme: "Continue a nadar, continue a nadar, continue a nadar, nadar, nadar".
Vida de mãe é uma eterna ribalta, a Broadway caseira. Depois de 5 anos tocando, cantando e sendo bêbada para um público médio de 5 mil pessoas por fim de semana, agora sou uma artista do lar. As vezes penso em capitalizar meus talentos de animadora infantil e montar uma banda para cantar o repertório das músicas de abertura do Discovery Kids, músicas dos Backyardigans, Hi5, Cocoricó, Saltimbancos Trapalhões, cantigas de roda e afins, mas acho que a maioria dos pais não estaria afim de incluir guitarras distorcidas e sons de bateria à baderna que se forma durante as festinhas infantis, muito menos pagar por isso (pausa para ser atacada por um fantoche de jacaré, uma maneira que o João encontrou para me beliscar sem ser repreendido, ou melhor, eu repreendo, mas ele coloca a culpa no jacaré).
Bum, lá se foi o balão do tigor. Eu falei pra ele não encostar na lâmpada do abajur... (acho que ele gostou, pois agora está queimando o olho do jacaré no mesmo lugar).

Além de artista, você também tem que estar com todas as suas faculdades mentais tinindo para a hora em que ele chega e pergunta: "Mãe, puti volami bunadago?" porque se você não souber decifrar e responder rápido, vai assistir a um ataque de manha onde ele procura a parede mais próxima pra dar uma cabeçada e logo em seguida vem chorando pedir beijinho pois se machucou (vixi, arrancou o braço do Sully).
Também tem o pedido: "Mãe, canta aquela musica!" eu pergunto qual e ele responde: "Quela: rumi banadana cabilona junêêê, junêêêê".
Não filhinho essa a mamãe não quer cantar. Vamos cantar a do sapo martelo? (mais cabeçadas na parede).

A frase mais legal que ouvi sobre crianças foi o Jonny Deep quem falou. Era algo como "Ter filhos é a mesma coisa que conviver com amigos bêbados 24h por dia". E é assim mesmo que eles se comportam: não falam coisa com coisa, tomam tombos o tempo todo, fazem brincadeiras sem sentido, fazem charminho, se cagam e se mijam. A única coisa chata é ter que estar sóbria pra cuidar deles. Logo eu que precisava de umas 4 latinhas pra poder subir num palco e ficar lá no fundão com o meu cigarro e o meu teclado, agora tenho que me apresentar durante o dia, sóbria e linda, pro meu respeitável público de um homem só (as vezes 2, mas nunca mais do que isso).

Este post tá ficando sem pé nem cabeça. O João tá aqui do lado cantando "The Lion Sleeps Tonight" e destruindo mais algumas coisinhas. Esse momento foi mais um teste, pra ver se eu conseguia escrever com ele por perto. Acho que com o grau de interferência, até que saiu alguma coisa. Não saberei agora. Não vai dar pra ler porque tá começando o desenho da Pinky Dinky Doo e eu vou ter que ir pra sala fazer a dancinha do "Sim Senhori Positoni" com o João. A graça toda vai estar em postar sem revisar. Beijos e até a próxima (musiquinha do looney toones ao fundo). Por hoje é só, pessoal!

domingo, 18 de novembro de 2007

Eu tenho uma vizinha

Bem, a gente sempra acha que muda depois de ter filhos, mas em algumas noites, nos permitimos ser os alguéns do passado e foi isso que aconteceu no dia que escrevi este post. Meu alguém do passado costumava escrever de madrugada ao voltar de baladas, sóbria ou não. E foi o que eu fiz neste dia. Só que não estava sóbria e só fui encontrar este texto hoje, no meu gerenciador de postagens. Liguei pro meu marido: "Foi você quem escreveu isso?" Ele disse que não. Ao reler pela 10ª vez comecei a me lembrar. Fui eu mesma. Não parecia texto de bêbado. Não tinha erros de digitação e até que tinha um certo ritmo. E como o que sinto pela Mei corresponde ao que escrevi, resolvi publicar.


Ela se chama Melissa (emblemático, não?) mas podem chamá-la de Mei. Mei de meiga. Mei de qualquer coisa angelical que exista entre o inferno e o inferno. Mei de "oi, tudo bem, como vai?" ou simplesmente Mei de:" Oi! como é o nome do nenêm?"
Não importa como Mei surgiu. O impotante é que Mei esteve sempre lá, desde que me mudei. Mei, Mei, para os íntimos. Mei mei para mim também. Do lado do meu apartamento e surpreendentemente aparecível em qualquer lugar onde eu estivesse me divertindo... lá estava a Mei.
Pra onde a Mei irá, nunca saberei, mas se ficasse por aqui, viraria minha irmã, minha avó, minha filha.
O que virará a Mei? Pouco sei. Só sei que a Mei é a dona do quarto transformado em pista de dança onde o meu João (e só quem sabe quem é o meu João saberia o que significa o meu João neste contexto) dançou alucinadamente pela primeira vez. Onde ele sentiu o que é possível conseguir quando a gente mistura The Clash com luzes intermitentes. Onde ele pôde sentir pela primeira vez o que é uma festa de verdade... e adorou!!!!!!!!
Isso é a casa da Mei. Um lugar pra todo mundo se achar, porque ela logo vai ter que se encontrar longe daqui. Sabendo pouco o que querem dela e muito o que quer de si.
Mei, linda, tudo, tudo, tudante!!! Vá, e só me escreva pra dizer que foi tudo muito bom.

sábado, 17 de novembro de 2007

Eu tenho dois irmãos

Sobre o meu irmão mais velho, já dediquei um post inspirado pois foi ele que me incentivou a criar este blog para narrar as minhas aventuras. Agora não posso deixar de citar meu irmão do meio, o Gui, pois é por causa dele que eu volto aqui de vez em quando pra atualizar essa bagunça. Tudo começou com um tópico do Joe (o tal do irmão mais velho) anunciando que eu tinha criado um blog:

"E não é que minha irmazinha finalmente atendeu aos meus apelos e criou o blógue dela? Bah, ela tem tantas histórias pra contar que era judiação levar tudo pra tumba. Vamos ver quanto tempo dura. O do meu irmão durou três ou quatro posts ..."

Ahhhh, colocou os irmãos pra competir? Comprei a briga na hora! Afinal, o que é mais gostoso do que uma briga entre irmãos? O que pode ser melhor do que GANHAR uma briguinha de vez em quando?

Só que a briga tava fácil. O Gui nunca postava e eu nunca tenho tempo pra escrever. Com uma criança alucinada dentro de casa, quando me sobra tempo, ou eu cago ou dou uma lavada nos cabelos. Minha tática era simples: Quando o Gui se coçava pra publicar alguma coisa, eu ia nos meus arquivos e buscava algum dos textos que escrevi há tempos atrás quando colaborava para revistas e sites. Buscava os mais antigos para garantir que as pessoas que os tivessem lido naquela época já os tivessem esquecido quando visitassem meu blogue (meu blogue é visitado por umas 5 ou 6 pessoas, mas todas elas são próximas de mim o suficiente para terem lido meus textos publicados no passado).

Ontem, durante a minha peregrinação diária por contato externo* descobri não um, mais DOIS posts novos no blogue do Gui.
Pânico!!! Terror!!! Desespero!!! Fiquei em desvantagem. Daqui a alguns dias, ele e o Joe invadirão a caixa de cometários do meu último post pra ficar na torcida: "Atualiza! atualiza! atualiza! atualiza! atualiza!"
Corri pra minha pasta de arquivos antigos. Tudo inútil. Meu nenêm já cochila há 2 horas e daqui a pouco vai acordar e me chamar pra brincar com ele e o blogger se recusa a salvar meu rascunho pra eu poder continuar depois. Tento reler rapidamente os textos do meu arquivo pra ver se algum combina com o meu blogue. Estão obsoletos. A história da minha participação na banda que me tornou municipalmente famosa e faminta tem um tom de despedida bonitinha feita sob encomeda para um site de música para ser publicada junto com a resenha do último disco, até que tá legal, mas pra ser lida lá em 2004. A história do dia que eu cuspi na caipirinha do Evan Dando (aquela bicha viciada em heroína que canta nos Lemonheads) não me parece mais tão divertida e as resenhas de shows que a revista Zero publicava são um apanhado de piadas internas onde o contexto é sempre: "Mimi, Cocó e eu pulando enlouquecidamente durante um show da banda do Cebola". Resenha de disco nem pensar. Decidi nunca mais escrever sobre arte ou coisas abstratas que não domino. A do meu casamento, já publiquei, a do balão, desisti de escrever... o que eu faço agora? O blogger continua se recusando a salvar meu rascunho, então só me resta encontrar uma foto bonitinha dos meus irmãos pra dizer:

GUI, ESSE POST É PRA VOCÊ!!!


Joe e Gui num momento que eles chamaram de metrossexual e eu chamo de outra coisa.

* A Peregrinação Diária por Contato Externo consiste em:
1)abrir o Mozilla direto no gmail enquanto o msn vai carregando, me dar conta de que todas as minhas mensagens são provenientes do orkut e são só pra dizer que @#@$#kkzinha@#$@#$ me convidou pra participar da comunidade "Tenho pernas bonitas";
2) Ir pro orkut apagar os spams irritantes da minha página de recados, que agora podem ser espalhados com videozinhos, fotos e slides de fotos (Eca!), vejo se alguém postou alguma coisa na minha comunidade de pais bêbados e se tem algum membro pendente por lá;
3) Apago os spams do Yahoo mail;
4) Apago os spams do Hotmail;
5) Vou dar uma olhada no blogue do Joe, o meu irmão mais velho;
6) Dou uma olhada nas estatísticas do meu blogue pra ver quantas pessoas ainda acreditam que eu vá atualizar ele em menos de 6 mêses e percebo que as pessoas perderam as esperanças;
7) Dou uma sapeada no kibeloco pra saber os babados do mainstream artístico e político já devidamente filtrados;
8) Passo nas Placas Ridículas pra ver se o cara tá melhor do que eu e atualiza aquela merda (já se passaram 3 meses desde a última vez);
9) Vejo as últimas pérolas registradas no Pérolas do Orkut para reavivar meu descontentamento com a inclusão digital;
10) Por fim, quase no finzinho, passo no blogue do Gui pra ver que ele não atualizou o mesmo;
11) Me enfio no uol e só saio de lá 236 notícias depois.